20/09/2011

SEMINÁRIO DIOCESANO: MUTIRÃO PASTORAL CONTRA O TRABALHO ESCRAVO

Carta às comunidades

Nós trabalhadores/as rurais, agentes pastorais, defensores/as de direitos humanos e representantes de entidades religiosas (católicos/as e evangélicos/as), contando com 32 participantes dos municípios de Juarina, Miracema, Miranorte, Colinas, Palmeirante, Presidente Kennedy, Palmas e Araguaína reunidos/as nos dias 16 a 18 de setembro de 2011, na Casa Dona Olinda, no município de Araguaína-To, por ocasião do Seminário Diocesano: Mutirão Pastoral contra o Trabalho Escravo, realizado em parceria com a Conferência nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Com o lema: “Ouvi muito bem o clamor do meu povo”, aprofundamos e analisamos a questão da escravidão contemporânea e suas consequências no mundo e no Brasil. Constatamos que, do ano de 1995 até os dias atuais, houve libertação de 42.000 trabalhadores no país, enquanto que, no Tocantins, no mesmo período 2.500 pessoas foram resgatadas pelo Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho. Mesmo assim, não foi erradicada a escravidão. Identificamos suas raízes mais profundas na ganância, na miséria e na impunidade, um ciclo vicioso que queremos quebrar, vencendo o medo e construindo alternativas ao modelo que escraviza.

Nenhum cristão pode ficar indiferente à permanência de tamanho crime contra a dignidade do ser humano, criado à semelhança de Deus.

Para combater e erradicar o trabalho escravo em nossas comunidades e região, assumimos os seguintes compromissos:

1- Mobilizar as comunidades através do processo de discussão, formação e avaliação da caminhada, dando maior visibilidade ao problema;

2- Abrir o olho, tanto da sociedade quanto dos trabalhadores, sobre as armadilhas do trabalho escravo contemporâneo;

3- Intensificar as denúncias de violação de direitos humanos relacionadas às vítimas do trabalho escravo contemporâneo e encaminhando aos órgãos competentes;

4- Cobrar das autoridades que se empenhem com eficiência e compromisso na erradicação de todas as formas de trabalho escravo, e denunciar omissões e cumplicidades de nossos políticos;

5- Coletar assinaturas através do abaixo assinado pela aprovação da PEC 438 que prevê a expropriação das propriedades flagradas com a utilização da mão de obra escrava;

6- Junto com nossas comunidades de base, escolas, associações, sindicatos e igrejas, constituir e fortalecer grupos que defendam os direitos dos trabalhadores em situação de vulnerabilidade e risco social;

7- Assumir ações de prevenção e inserção que visem sensibilizar e envolver o conjunto da sociedade de nossos municípios no combate ao trabalho escravo;

Esses compromissos orientarão nossa intervenção nas comunidades locais e na região, com base no fortalecimento de nossas organizações populares. Que o Deus da vida nos ilumine nessa caminhada, nos dando força, coragem e perseverança na luta concreta para a realização da verdadeira libertação.

“Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está nas fazendas, nas lavouras e nas carvoarias... Por isso envio você para tirar da escravidão o meu povo. Vá, caminhe e entre na terra que lhe preparei! E que não haja mais escravo no teu meio”. (cf Ex. 3, 7-10)

Araguaína-TO, 18 de Setembro de 2011.

Assinam:

01- Pastoral Carcerária – (Diocese de Miracema)

02- Pastoral da Criança – (Diocese de Miracema)

03- Pastoral do Dízimo – (Diocese de Miracema)

04- Catequese (Diocese de Miracema)

05- CDL (Conselho Diocesano de Leigos – Diocese de Miracema)

06- Centro de Defesa Dom Jaime Collins

07- Comunidade São João Batista – Paróquia São Sebastião (Diocese de Miracema)

08- Comunidade Nossa Senhora das Graças – Paróquia São Sebastião (Diocese de Miracema)

09- Paróquia Santo Antonio (Miranorte – Diocese de Miracema)

10- Igreja Metodista Wesleyana

11- Igreja Assembleia de Deus (Ministério CADETINS)

12- Igreja Assembleia de Deus (Ministério Madureira)

13- CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base)

14- Acampamento Vitória - Palmeirante

15- Assentamento Gariroba - Palmeirante

16- Assentamento Santo Antonio Bom Sossego - Palmeirante

17- Pastoral da Juventude Rural

18- Comissão Pastoral da Terra