03/02/2018
- Ir. Valdilene Neves da Cruz CSAC
Neste sábado, 03 de fevereiro, aconteceu em Miracema do Tocantins a formação da campanha da fraternidade 2018, com a participação de fieis das paróquias e comunidades da Diocese de Miracema do Tocantins, e assessorada pelo Pe. José Orlando Pessoa e leigos e leigas das paróquias Nossa Senhora Aparecida e São Sebastião de Colinas do Tocantins . Em 2018, a Campanha da Fraternidade tem como tema: “Fraternidade e superação da violência” e o lema será “Vós sois todos irmãos” (Mt 23, 8). Com este tema, a Igreja no Brasil refletirá sobre as diversas realidades e formas de violência e ao mesmo tempo buscar iniciativas para superá-la. “O cartaz da campanha da fraternidade 2018 mostra um grupo de pessoas de diferentes idades e etnias de mãos dadas, representando a multiplicidade da sociedade brasileira. Segundo o secretário-executivo das Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Luís Fernando da Silva, as pessoas que nele formam um círculo e unem as mãos indicam que a superação da violência só será possível a partir da união de todos. “A violência atinge toda a sociedade brasileira em suas múltiplas esferas, o caminho para superar a violência é a fraternidade entre as pessoas que se unem para implementar a cultura da paz”, explica”.
Pe. José Orlando convidou o jovem Jocimar da Universidade Federal do Tocantins para falar a respeito da violência contra a juventude no Brasil. Segundo ele a violência não pode cessar sem antes entender de onde ela vem, devemos entender a história do povo brasileiro, que já nasceu com diversas formas de violências, basta lembrarmos da escravidão no Brasil que perdurou por mais de trezentos anos, e mesmo após a “libertação” ainda se continuou a escravidão e a violência.
A advogada Doutora Marizete da Paróquia São Sebastião de Colinas do Tocantins abordou sobre o tema da Campanha da Fraternidade, lembrando dos objetivos gerais e específicos. Segundo ela, a violência é uma epidemia, e se apresenta de diversas formas. Devemos trabalhar a cultura do diálogo, sem o diálogo não conseguiremos superar a violência. Muitas vezes a lei é legal mas não é moral, portanto, devemos buscar sempre o diálogo. Para superar a violência um dos caminhos é a participação em conselhos paritários, ajudando a apontar caminhos para superar a violência.
No período da tarde houve trabalho em grupo com temas referentes as múltiplas formas de violência como: Corrupção e narcotráfico, dinheiro, poder, prazer, vingança, raptos, abusos, terrorismo, destruições, palavras e atitudes e outros. Os grupos após diálogo e partilha sugeriram que sejam trabalhado nas comunidades as seguintes propostas: Contra a Natureza: consumo consciente, campanha de conscientização dos três R reaproveitar, Reciclar e Reduzir, atos educativos como recolher o que jogamos na rua, fazer conhecer as leis orgânicas dos municípios, Palavras e atitudes: Buscar melhorar nos gestos, olhar, atitudes e acolhida, fazer parcerias com órgãos públicos com palestras, trabalhar em parceria com o diretor espiritual paroquial, em comum acordo com a igreja, jejum de língua, Corrupção e narcotráfico: Convocação dos diretores de escola, alunos e poder público e discutir o tema da Campanha da Fraternidade, Contra o outro: Participação em conselhos, conscientizar as pessoas na catequese, dialogar em grupos na comunidade para buscar soluções, identificação e trabalho familiar, Raptos, abusos, terrorismo destruições: Fazer parcerias com órgãos públicos, igrejas, a partir do presbitério fazer ecoar esse grito, fazer uma reflexão mais profunda para buscar soluções. Contra si: Refletir os valores transmitidos pela família, unir a família à igreja para que possa fortalecer a vivência de valores. Dinheiro, poder, prazer e vingança: Construir projetos juntamente com as autoridades, fazer trabalhos preventivos a favor dos jovens e adolescentes, estudos nas famílias, conscientização, no ambiente de trabalho. Individualismo, egoísmo e desrespeito: Rever as nossas atitudes, formar grupos nas famílias, vivência e prática, trabalhar em parceria com gestores municipais.
Antes de finalizar o encontro, Dom Philip Dickmans apresentou o calendário de planejamento diocesano e falou da importância da colaboração de todos em ajudar o Centro de Treinamento de Lideres- CTL nas suas despesas para que possa continuar realizando os encontros diocesanos.
Oração da Campanha da Fraternidade 2018
Deus e Pai, nós vos louvamos pelo vosso infinito amor e vos agradecemos por ter enviado Jesus, o Filho amado, nosso irmão. Ele veio trazer paz e fraternidade à terra
e, cheio de ternura e compaixão, sempre viveu relações repletas de perdão e misericórdia.
Derrama sobre nós o Espírito Santo, para que, com o coração convertido, acolhamos o projeto de Jesus e sejamos construtores de uma sociedade
justa e sem violência, para que, no mundo inteiro, cresça o vosso Reino de liberdade, verdade e de paz. Amém!
MATERIAL DE ESTUDO
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2018
Compilação: Dr. Marizete
- Objetivo geral: construir a fraternidade promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça a luz da palavra de Deus como caminho de superação da violência.
- Objetivos específicos:
- > Anunciar a boa-nova da fraternidade e da paz, estimulando ações concretas que expressem a conversão e a reconciliação no espírito quaresmal;
- > analisar as múltiplas formas de violência, especialmente as provocadas pelo tráfico de drogas considerando suas causas e consequências na sociedade brasileira
- Identificar o alcance da violência, nas realidades urbanas e rural de nosso país propondo caminhos de superação, a partir do diálogo, da misericórdia e da justiça, em sintonia com o ensino social da igreja;
- Valorizar a família e a escola como espaços de convivência fraterna, de educação para a paz e de testemunho do amor e do perdão;
- Identificar, acompanhar e reivindicar políticas públicas para a superação da desigualdade social e da violência;
- Estimular as comunidades cristãs, pastorais, associações religiosas e movimentos eclesiais ao compromisso com ações que levem a superação da violência;
- Apoiar os centro de direito humanos, comissões de justiça e paz, conselhos paritários de direitos e organizações que trabalham para superação da violência.
A violência no Brasil se encontra multifacetada e epidêmica
- 1) Violência racial (negros, índios, migrantes e imigrantes)
- 2) Violência contra os jovens;
- 3) violência contra mulheres e homens;
- 4) violência doméstica;
- 5) exploração sexual e tráfico humano;
- 6) violência contra os trabalhadores rurais e contra os povos tradicionais;
- 7) violência e narcotráfico;
- 8) ineficiência do aparato judicial;
- 9) Polícia e violência;
- 10) violência e direito à informação;
- 11) religião e violência;
- 12) violência no trânsito.
A violência no Brasil se encontra multifaceta e epidêmica
- 10) violência e direito à informação;
- 11) religião e violência;
- 12) violência no trânsito.
A campanha traz a metodologia da Igreja que é:
- VER
- JULGAR
- AGIR
- VIOLÊNCIA:
- Histórica: colonização, escravidão
- Institucional: As diversas instituições políticas
- Política: as diversas instituições do poder
- Econômica: intensa desigualdade social
MÚLTIPLAS FORMAS DE VIOLÊNCIA
VER
- VIOLÊNCIA:
- Histórica: colonização, escravidão
- Institucional: As diversas instituições políticas
- Política: as diversas instituições do poder
- Econômica: intensa desigualdade social
A campanha nos chama a olhar raízes
- Causas da violência
- VIOLÊNCIA
- Formas de superação
(soluções, Ação)
Segundo relatório da ONU
- 1) O Brasil é o décimo país mais desigual do mundo num ranking de mais de 140 países;
- 2) Não é possível erradicar a pobreza no mundo sem reduzir drasticamente os níveis de desigualdade;
- 3) 5% da população – os mais ricos recebem por mês, o mesmo que os demais 95% juntos;
- 4) O Brasil é um dos piores países do mundo em matéria de desigualdade de renda. Mais de 16 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza;
- Se mantido o ritmo de inclusão de negros observado nesse período, a equiparação da renda média com a dos brancos ocorrerá somente em 2089.
JULGAR
- â— Palavra de Deus â— Centralidade da revelação JESUS CRISTO
- Regional
- Comunitário
- Familiar
- Pessoal
- â— Doutrina Social da Igreja â— Mensagens dos Papas p/ o dia mundial da paz
AGIR
- 1) Olhar o território – Igreja em saída (Papa Francisco)
- 2) Cobrar políticas públicas
- 3) Procurar as Pastorais e movimentos que atuam nas diferentes faces da violência:
â— conhecer
â— divulgar
â— aplicar
â— Motivações para agir:
â— agir pessoal (ser sensível as dores dos outros)
â— agir comunitário (âmbito eclesial)
â— agir global (sociedade)
Comunidade e a superação da violência
- CONSCIENTIZAR - Perceber que essa temática faz parte da vida da comunidade;
- CULTURA DE FRATERNIDADE – espiritualidade que desperte para superação da violência
- OBRAS SOCIAS COMO CAMINHO PARA A SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA – Pastoral carcerária, do menor, da terra, indigenista, operária, grito dos excluídos e muitas outras.
Sociedade e a superação da violência
- PISTAS DE AÇÃO CONCRETA
- Conhecer as realidades próximas da comunidade que apresentem conflitos, para um discernimento sobre as melhores soluções e contribuições possíveis;
- Apoiar as inciativas da sociedade organizada e de organizações não governamentais, que visem a cultura da paz;
- Inscrever a participação dos Conselhos paritários no plano pastoral da Diocese ou Paróquia, como uma das formas de participação da igreja na edificação do bem comum da sociedade;
- Promover a formação de leigos e leigas animando-os a organizarem-se para a construção de uma sociedade que supere a violência;
- 6) Incluir o tema da superação da violência nos programas de formação para a iniciação cristã, catequese e Pastoral juvenil;
Sociedade e superação da violência
- 7) promover ações em parceria com Conselhos Tutelares, Conselhos Municipais da criança e do adolescente, Conselho de alimentação escolar e Pastoral do menor;
- 8) Defender o ECA como uma política pública que possibilite o enfrentamento e a superação da violência;
- 9) A partir da doutrina social da Igreja promover rodas de conversa envolvendo as Secretarias de inclusão, cidadania, direitos humanos e Conselhos de direitos para buscar formas de superação da violência;
- 10) apoiar as pessoas de boa vontade que militam campos das Comissões de direitos humanos e das relações internacionais.
- 11) Realizar nas comunidades semana dos povos indígenas e a semana da consciência negra com celebrações, cantos e danças;
- 12) Facilitar o desenvolvimento da agricultura familiar e consumo de sues produtos;
- 13) articular por meio do ecumenismo e do diálogo inter-religioso momentos de oração pela paz;
- 14) Esclarecer a comunidade sobre a participação nos Conselhos paritários;
- Formação e valorização de Comissões Diocesanas de justiça e paz, de defesa de direitos humanos que lutem e promovam a cultura da paz sem uso de armas de fogo.
- Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter sápido pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar as próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser centro e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos.
- Nenhuma família
SEM CASA
- Nenhum camponês
SEM TERRA
Nenhum trabalhador
SEM DIREITOS
“ Terra, casa e trabalho – aquilo pelo que lutais – são direitos sagrados. Exigi-los não é estranho, é a doutrina social da Igreja.”