Ser missionário antes de tudo ser uma presença viva e ativa no meio onde falta tudo, até mesmo as mínimas condições para viver, ao antes de qualquer coisa lutar para fazer acontecer um ambiente onde as pessoas se sintam bem. A igreja é comunidade missionária, também por outros motivos. Ela nasceu da missão do Filho e do Espírito Santo enviado pelo Pai ao mundo. A Igreja é comunidade missionária porque sua configuração histórica e definitiva se dá em pentecoste, e finalmente a Igreja é missionária porque é a comunidade dos discípulos de Jesus. E como já vimos, a finalidade do discipulado é a missão. No entanto, a missão é a caminhada da palavra de Deus, de pessoa para pessoa, de grupo para grupo, de povo para povo e o portador da palavra é o missionário. Não, enquanto comunidade, professamos que a verdadeira Igreja de Cristo é apostólica. Isso significa que ela está fundada sobre a confissão de fé dos apóstolos, significa também que ela é missionária. A Igreja de Jesus Cristo necessita de pessoas que sejam testemunhas.

A vocação missionária sempre teve a sua iniciação no batismo das comunidades. A vocação missionária não ocorre sem um ponto de partida que nasce no batismo de cada um, bem como em uma comunidade na qual a presença de Deus mostra que Ele age no sentido de salvar o homem. Esta Boa Nova da palavra que fez carne e é a palavra de Deus, muitas vezes não está escrita em nenhum livro, mas na própria vida e na história da humanidade, na história do homem como testemunha. A bíblia, a tradição e o mistério da eucaristia são os princípios da fé. E não podemos celebrar nada sem recordar os horizontes da missão, sem deixar um lugar vazio em nossas mesas para fazer uma oração concreta e encarnada na realidade, passando a uma ação evangelizadora, que tem com destinatário o mundo excluído e marginalizado e as pessoas que jamais ouviram a boa nova. Jesus coloca como pressuposto da missão, o desapego da família, dos amigos, dos bens materiais. Não se trata de um desapego qualquer, mas do desapego que os tornam livres para a missão.

O missionário deve caminha depressa e a riqueza pesa e escraviza. A única riqueza do missionário deve ser Jesus Cristo e o seu evangelho. Jesus também prevê ataques à missão quando os apóstolos são enviados como cordeiros no meio de lobos Ele mostra que a missão pode passar por dificuldades, quando os enviados esquecem o sentido da sua missão, principalmente a fonte que o sustenta, a oração ou quando esquece que o sucesso da missão não depende dele, mas de Deus.

Hoje, vivemos num mundo globalizado onde os desafios e as barreiras se tornam cada vez mais difícil de serem vencidas, por isso a missão tem um papel importante na busca de superar estas fronteiras, mediante o testemunho de comunhão e de solidariedade de nossas igrejas. A missão hoje deve apresentar-se com o rosto da gratuidade, da salvação e do encontro de Deus com a humanidade e dessa missão nós fazemos experiência quando saímos de nós mesmos e convertemos ao serviço do povo de Deus. Porém é necessário mudar os métodos e abordagens, de uma fé devocionista para uma fé autentica e iluminada, madura e generosa, mas se não posso ser missionário saindo da minha casa, posso ao menos contribuir com aqueles que estão na missão pelo mundo a fora.

Tudo isso, acima citado, é fruto de algumas experiências missionárias vividas ao longo de minha vida, mas também de tudo que vi e ouvi como participante do 3º Congresso Missionário Nacional, realizado em Palmas capital do Tocantins realizado entre os dias 12 a 15 de julho deste ano, onde refletimos o tema: Discipulado missionário: do Brasil para o mundo secularizado e pluricultural, Á luz do vaticano II e teve como lema: Como o Pai me enviou, assim eu vos envio. Este congresso com sua proposta missionária quer iluminar e fomentar cada vez mais a missão nas dioceses e além-fronteiras. Peçamos a intercessão dos santos padroeiros da missão S. Francisco Xavier e Sta Terezinha do Menino Jesus que nos ajudem a concretizar aquilo que é a vontade de Cristo quando diz: Ide a todo mundo e fazei que todos sejam meus discípulos.

Nelson Carlos dos passos Silva